Artigo de Cassius Regis Antunes Coelho*
20/03 - Mudança é uma palavra que está no
cotidiano de qualquer empreendedor, ainda mais aqui no Brasil onde tudo está em
constante mutação, seja o ambiente de negócios e incertezas advindas da economia
e política, que vez ou outra pregam alguma peça no mercado que acaba refletindo
nas regras do jogo então estabelecidas, sejam nas regras tributárias que mudam a
toda hora, por meio de leis, decretos, instruções normativas e resoluções em
todas as esferas de governo .
Ser empresário de qualquer que seja o ramo de
negócio no Brasil é uma verdadeira arte, sem sombra de dúvida. É preciso se
valer de muita informação, estar preparado e ser detentor de conhecimentos
sólidos sobre a área em que irá atuar; ter um planejamento adequado e coerente
com o plano de crescimento da empresa; cuidar das finanças, fluxo de caixa,
capital de giro e investimento e se valer de profissionais especialistas nas
mais diversas áreas que o negócio requerer.
Uma dessas mudanças que aconteceram no ambiente
empresarial foi a adoção pelo fisco do SPED – Sistema Público de Escrituração
Digital. O SPED foi desenvolvido com o objetivo de unificar, em uma grande base
de dados, todas as informações fiscais, tributárias e operacionais dos
contribuintes, visando facilitar o controle da aplicação da legislação por parte
das empresas, combatendo também a sonegação fiscal, já que o uso intensivo da
tecnologia da informação, através do cruzamento de informações nos bancos de
dados disponíveis, promete identificar mais rapidamente indícios de problemas
nas informações enviadas.
E o que o SPED muda na relação das empresas com
o fisco, contadores e sociedade?
A relação das empresas com o fisco muda porque
as regras também mudaram, a forma como as informações serão enviadas a partir de
agora muda, o nível de detalhes enviados para o fisco é muito maior, e com isso
é preciso ter cuidado triplicado com a qualidade das informações
disponibilizadas nos vários sistemas que o SPED criou, desde a emissão da NF-e,
até a prestação de contas através da Escrituração Contábil e Fiscal Digital e
demais obrigações acessórias. Tudo precisa estar correto e consistente.
Não se quer dizer que antes não houvesse a
necessidade de estar correto, mas agora o detalhamento excessivo faz com que as
possibilidades de cruzamentos entre as informações sejam ainda maiores, elevando
os riscos de incidência de erros, ainda mais quando os sistemas fiscais e
contábeis não estão integrados e são alimentados por meio da digitação de
determinadas informações.
Com um cenário de tantas incertezas e mudanças,
é fundamental que as empresas procurem se valer de profissionais especialistas.
E quando se fala em SPED, não resta dúvida que o impacto do sistema no dia a dia
das empresas é grande e se faz imprescindível que elas busquem a orientação de
um bom contador ou empresa de contabilidade, visando adaptar seus sistemas e
processos a nova realidade. Por isso entendo que a relação das empresas com seus
contadores também mudou ou deve mudar, pois eles são imprescindíveis nesse
momento de mudanças.
Não se concebe mais a relação empresa x
contador ser apenas para o cálculo de impostos e envio de obrigações acessórias.
O risco da operação fiscal das empresas está muito maior, requerendo mais
interação entre as áreas comerciais, administrativas, fiscais e contábeis da
empresa, sendo o contador um importante aliado na interação entre as áreas,
auxiliando na geração das informações, no envio dos arquivos para o fisco e no
fornecimento de informações para tomada de decisões gerenciais.
Já a relação com a sociedade também muda porque
as empresas se tornarão mais transparentes, e serão obrigadas a melhorar seus
processos internos com relação ao meio ambiente, como redução de utilização de
papel, por exemplo, sem falar na possível redução da sonegação, beneficiando,
indiretamente, a sociedade com a elevação da arrecadação tributária que se
reverte, ou pelo menos deveria, em benefício desta.
Em resumo, acredito que vivemos uma sociedade
em transformação, seja pelo uso massivo das tecnologias da informação e
comunicação, seja pela mudança no ambiente de negócios, exigindo que façamos
tudo mais rápido, com melhor qualidade e mais barato, bem como na relevância das
informações contábeis e fiscais geradas pelos contribuintes, tornando o papel
dos contadores ainda mais fundamental para as empresas. Viva o SPED!
*Cassius Regis Antunes Coelho é contador e
Presidente do CRC-Ceará
Fonte: Contas em Revista
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